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ONCOCERCOSE


Oncocercose é uma doença parasitária humana crônica, caracterizada pelo aparecimento de nódulos subcutâneos fibrosos sobre superfícies ósseas, em várias regiões, a exemplo de ombros, membros inferiores, pelves e cabeça. Esses nódulos são indolores e móveis e neles são encontrados os vermes adultos que eliminam as microfilárias, as quais, ao se desintegrarem na pele, causam manifestações cutâneas agudas, como o prurido intenso, ou crônicas, caracterizadas por xerodermia, liquenificação ou pseudoictiose, despigmentação nas regiões pré-tibial e inguinal, atrofia, estase linfática (lesões típicas de dermatite crônica).

A migração das microfilárias pode atingir os olhos, provocando alterações variadas, tais como: conjuntivite, edema palpebral, escleroceratite, ceratite puntiforme, irite ou iridociclite, esclerose lenticular e coriorretinite difusa degenerativa, podendo levar à cegueira. Em infecções muito intensas, pode-se encontrar microfilárias na urina, lágrima, escarro e sangue.
Também pode ser chamada de cegueira dos rios, doença de Robles, volvulose, erisipela da costa, mal morado.  O agente etiológico causador dessa doença é o nematódeo do gênero Onchocerca, no Brasil, a espécie Onchocerca volvulus é a única encontrada. O reservatório é o homem e experimentalmente, pode ser transmitido a chimpanzés.



É transmitida pela picada dos vetores do gênero Simulium (o simulídeo é conhecido popularmente como “borrachudo”, “pium”), que proliferam em córregos e rios de correnteza rápida. Na América do Sul, os seguintes complexos são importantes: S. metallicum, S. sanguineum/amazonicum, S. quadrivittatum.
O período de incubação é longo, cerca de 1 ano, podendo variar de 7 meses a mais de 2 anos.  O período de transmissibilidade: a filária permanece viva no homem por 10 a 15 anos (casos não tratados), período em que os vetores podem se infectar. Não há transmissão inter-humanos. Suas complicações são a cegueira, hipertrofia ganglionar, lesões dermatológicas graves.
O diagnóstico é a partir da suspeita clínica, é gerada pelas manifestações aliadas à história epidemiológica. O diagnóstico específico é feito pela identificação do verme adulto ou microfilárias por meio de: biópsia de nódulo ou pele; punção por agulha e aspiração do nódulo; exame oftalmoscópico do humor aquoso; exame de urina; ou testes de imunidade: intradermorreação, imunofluorescência, Elisa, PCR. Em caso cirúrgico é feita a retirada dos nódulos.

A doença ocorre na África, Mediterrâneo, América Central e América do Sul. No Brasil, a maioria dos casos advém dos estados de Roraima e Amazonas, com ocorrência nas reservas das populações Yanomami e Makiritari. A prevalência da Oncocercose é influenciada pela proximidade dos rios e afluentes, locais de desenvolvimento larvar do vetor. Adultos, principalmente do sexo masculino, são afetados nas zonas endêmicas.
Não é uma doença de notificação obrigatória nacional. Nos estados onde ocorre, deve ser notificada para as autoridades sanitárias locais. Definição de caso: pode ser suspeito (indivíduo procedente de área endêmica, com manifestações clínicas da doença) ou confirmado (indivíduo com presença de microfilária ou verme adulto, detectado por exames laboratoriais).

Em virtude de a área endêmica encontrar-se em terras indígenas, as medidas de controle devem ser realizadas sob parâmetros adequados aos hábitos, costumes e percepções desses povos, de acordo com os critérios técnico-científicos vigentes. As medidas de controle usualmente preconizadas são o tratamento dos portadores de microfilárias e o combate aos simulídeos. O Programa de Eliminação recomenda a medicação de toda a população elegível nas áreas endêmicas. Nas áreas de selva, não é viável o combate direto dos simulídeos. É importante, então, a adoção de medidas que reduzam o contato vetor - homem. Qualquer intervenção deve ser conduzida observando-se os conhecimentos antropológicos das nações indígenas.




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